sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Eu era um lobisomem juvenil

Luz e sentido e palavra
Palavra é que o coração não pensa.

... Não falo como você fala
Mas vejo bem o que você me diz.


Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo
Prefiro acreditar no mundo do meu jeito
E você estava esperando voar
Mas como chegar até as nuvens com os pés no chão?


O que sinto muitas vezes faz sentido
E outras vezes não descubro o motivo
Que me explica porque é que não consigo ver sentido
No que sinto, o que procuro, o que desejo e o que faz
parte do meu mundo.


O arco-íris tem sete cores
E fui juíz supremo
Vai, vem embora, volta
Todos têm, todos têm suas próprias razões.


Qual foi a semente que você plantou?
Tudo acontece ao mesmo tempo
Nem eu mesmo sei direito o que está acontecendo
E daí, de hoje em diante
Todo dia vai ser o dia mais importante.


Não digo nada, espero o vendaval passar
Por enquanto eu não sei

O que você me falou me fez rir e pensar
Porque estou tão preocupado
Por estar tão preocupado assim?


Mesmo se eu cantasse todas as canções
Todas as canções,
Todas as canções,
Todas as canções do mundo
Sou bicho do mato mas...


Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer: estarei aqui.


Ou então não terá jamais
A chave do meu coração.


Renato Russo (Legião Urbana)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Como enfiar na cabeça de um retardado

As vezes eu pergunto a Deus por quê...Por que é tão difícil falar a verdade em certas horas.
O título desse post pode ter te assustado, mas é o que eu tenho vontade de gritar algumas vezes também.

Meu querido (ou não) leitor, será que você entende que é muito fácil chegar pra um amigo e elogiá-lo, falar que vai ficar tudo bem e que ele tem um futuro promissor... Entende que é muito fácil e confortável mentir? Você agrada a pessoa, sai da história como o "apoio, o "salvador, aquele que coloca a pessoa pra cima.

Mas que, verdadeiros amigos são aqueles que falam a verdade, verdades muitas vezes incovenientes? Que falam "Não, você não está bem. Não vai ficar bem."? Que falam "Você precisa mudar, do jeito que está você será infeliz, você quebrará a cara"? Que falam "Infelizmente, eu sei que você logo vai cair, mas saiba que eu vou estar lá por você, pra te ajudar a levantar, se você quiser"?

Quem, por céus, não entende e não aceita que a segunda opção é a melhor, por favor, aceite a minha humilde classificação de retardado.
Mas não se preocupe, ainda há tempo de mudar, porque afinal, eu também já fui uma retardada - quem nunca foi? - quanto a isso mas, cá estou eu, convertida e convencida depois de desilusões com pessoas "ditas amigas" e do arrependimento de perceber que eu dei as costas às pessoas que mais se importavam comigo. É, um tapa na cara pra acordar, mas acontece...

Será que não dá pra entender que é muito mais difícil ser aquele que alerta, que avisa que algo está errado, do que aquele que se omite e só quer farra? Que se quiséssemos, nós da segunda opção, seríamos os simpáticos da primeira pra ganhar mais amigos, mais confiança, tudo muito fácil; mas que, se escolhemos a segunda opção, estamos fazendo um sacrifício muito maior, que sabemos que talvez seremos julgados como os malas, os chatos, os que "se acham donos da verdade", mas aceitam o risco pra tentar o melhor pelos seus amigos?

Retardados dessa vida (não necessariamente você, leitor), por favor, abram os olhos!
Se não por esse post de indignação, saibam que a vida vai lhes ensinar e que infortunadamente, será mais dolorido.

E pros que concordam, muito obrigada... Vocês são o alívio que eu tenho, afinal, provam que não sou chata por querer ser e só. =)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

E a culpa é de quem?


Hoje, tive que ir sozinha a quatro lugares diferentes.
Normal - garota de interior em Brasília é assim, vai pro Plano Piloto e resolve tudo de uma vez, zigue-zagueando pela cidade pra poupar tempo e percurso e depois volta pra sua terrinha, no meu caso, Jardim Botânico.

Normal, se eu não tivesse errado os caminhos nas quatro vezes, se eu não tivesse ido de salto alto, bolsa pesada e esquecido meu óculos de sol, meu protetor solar e meu revólver (é, esse não).
Troquei a hora de descer na parada por pura inércia; subi pra 900 e só descobri lá que a 300 ficava no sentido oposto; ao invés de ir em diagonal do Brasília Shopping pra 103N, contornei cada uma das quadras (logo, o maior caminho); andei que nem uma pata com cara de brava para que os tarados não me torrassem mais ainda a paciência...

Poooooooor falar em tarados, abre [Tenho uma teoria de que andar graciosa pelas ruas que nem em propaganda de shampoo e O Boticário é uma das maiores furadas do universo. Pra ouvir as buzinadas, assobios, "ei"s e olhares enojantes dos tarados? Credo, prefiro fazer careta ou cara de retardada mental, andar mancando e torta só pra mantê-los o mais longe possível de mim. Afinal, minha auto-estima não se altera com esses aí, graças ao Pai] fecha.

No meio dos tantos erros de percurso, fiquei repetindo meu mantra nada lindo, mas super útil "merda, merda, merda". Não totalmente que nem uma louca... Quem passava só via minha cara de saco cheio e a boca mexendo quase nada.

Mas depois eu fui respirar fundo e parar pra pensar. Colocar a culpa no lindo dia que Deus tinha me concedido? Não... Eu que estava totalmente desligada, com a cabeça na lua. Por isso que me confundi tantas vezes, porque mal pensei.

E no final, o dia nem foi ruim. Ver a cara de feliz da minha amiga por estar entre amigos no seu aniversário reiluminou tudo. Meus pés tão machucadinhos, mas passa. E ainda peguei um bronze! huaahuahua

sábado, 10 de janeiro de 2009

Entender

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples estado de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

Por Clarice Lispector.

Acho que nunca vou deixar de citá-la. Indentifico-me tanto com ela, que é como se o que ela escrevesse coubesse perfeitamente em mim e ponto - pelo menos na maioria das vezes... Nas outras são vírgula. Afinal, ninguém é perfeito
que nem eu. MUAHAHA