segunda-feira, 27 de outubro de 2008

31 de Outubro

Eu adoro a minha data de aniversário, de verdade!
Aí você me fala "A Rafa é alegre e mongol com tudo, grande coisa!", mas sabe que não é bem assim que funciona, né benhê?
Parece bobagem, mas pra mim é a melhor época do ano que eu podia ter pra comemorar.
Vem quase junto com o horário de verão e com as chuvas, dá aquele alívio. Marca o fim do ano: só a partir dela que eu sinto que o ano está realmente acabando, depois dela o tempo passa correndo e quando vejo já é Natal e Reveillón.
No fim do ano todos os novos colegas já sabem o teu nome e já estão mais chegados, logo mais dispostos a comemorar com você. E nunca esquecem a data, não sei por quê. Parece irrelevante, mas se você começar a observar, vai ver isso também (ou não).

Pooorém, mamãe me disse que o maior arrependimento dela foi me ter nessa época, porque grávida já sente muito mais calor do que os outros, quanto mais nessa época agradabilíssima!

Hm, comentários inúteis à parte. rs

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Só mais um dia

Eles vão se aproximando da porta e a agonia vai aumentando. Até que enfim, por um ímpeto de coragem, ela se vira para ele e diz:

- Eu preciso falar com você.
- Claro!

Antes de dar a oportunidade de se arrepender ela se convence de que, no máximo, inventará um assunto menos importante qualquer, mas que pelo menos falará com ele. Numa fração de segundo, suas mãos já estão tremendo de nervosismo: "por que fazer tanto caso, quem é ele para me deixar assim?", ela se pergunta.
Quando ela se vira de novo para olhar em seus olhos e começar o diálogo, percebe que ele ficou para trás, para esperar aquela outra pessoa. Ela se sente ignorada e pequena. Mesmo que seja exagero de sua parte e que apenas uns dois passos de distância os tenham afastado, ela vê um enorme abismo e percebe que talvez esse abismo sempre tenha existido, e que não seja bom insistir em ultrapassá-lo. Ela fala para ele:

- Sabe de uma coisa? Eu falo depois.
- Pode ser?
- Uhum, depois a gente se fala.
- Então tá, a gente se fala.

Então ela dá um sorriso bem simples, que parece o mesmo de sempre, mas que só ela sabe a frustração que leva. Não é um sorriso torto, nem de má vontade. É o mesmo sorriso que ela dá quando tudo está realmente bem... Como ele iria desconfiar? Mas nesse, ela está tentando se convencer de que isso não fará diferença e que tudo ficará bem, mesmo que as sensações ruins já tenham vindo antes. Ela não precisa identificar, ela só sente. E o coração aperta por mais uma vez que abafa a vontade de falar "- Você um dia de tanto me adiar ainda vai me perder, sem saber que talvez eu seja a pessoa que mais te esperou."

É tão pouca a culpa, que não pode ser dada ao garoto. Porque ele foi muito sutil ao desprezá-la. Provavelmente, nem ele percebe o que fez. Mas o que realmente importa para ela é que até hoje ela se prende a um relacionamento que não é recíproco. E o que dói nela é que, se depois de tantos anos ela não conseguiu se livrar dele, por que hoje ela conseguiria?

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Buy your friends


"A maior parte das mulheres sonha com o homem ideal. Para esse homem ideal, exigem físico atraente, personalidade, cultura, cavalheirismo e, quase sempre, dinheiro e posição social...O que acontece é que quase nunca as mulheres pensam no que irão dar a esse homem, em troca de tantas qualidades exigidas..."
(Clarice Lispector, em Correio Feminino)

Sabe uma das coisas que mais me revolta na nossa geração? Que as pessoas acham que os relacionamentos acompanham o ritmo do capitalismo. Como se existisse um fast food que servisse pessoas!
Tá, é mais fácil se aproximar de certas pessoas, sim. Se eu quiser me relacionar com algum garoto, não preciso esperar que me "cortejem". Basta ir a uma festinha, um churrasco e tô feita. Mas seria isso um relacionamento mesmo?

Vai! Nem precisa ter conhecido a pessoa em um ambiente "louco", pode ser em qualquer lugar, qualquer hora. Se duas pessoas se apresentaram e trocaram algumas palavras ou gestos, não vão sentir falta uma da outra quando forem cada uma pro seu canto. Pode rolar uma empatia imensa,uma concordância que faça com que uma se atraia, tenha interesse em conhecer mais a outra, em encontrá-la de novo. Mas não acho que aquela pessoa realmente vai deixar um vazio na outra, porque nem mesmo um espaço ela chegou a ocupar.

Esse espaço que ocupamos um no outro não é tão fácil de se conquistar. Precisamos convencer o outro de que ele precisa de nós, de que ele é melhor conosco. E não é chacoalhando e dando uns tapas que se conquista isso, de verdade. rs
Relacionamentos não dão pra ser puramente frios e calculistas. Eu não posso chegar pra fulano e falar: "você tem que me querer, eu sou o que te falta, o tanto que você é sem graça eu sou divertida, perfeito!". Se eu ouvisse isso de alguém eu riria até perceber que a pessoa está falando sério e então sairia de fininho.

Relacionamentos são processos custosos, se são! Você espera e luta pelo outro e ele também espera e luta por você. Se você quer mais do outro, você também deve permitir que ele queira mais de você. Não adianta só ditar o que você quer, fechar os olhos e estender as mãos esperando receber. Se você quer pessoas ótimas ao teu lado, você no mínimo deve ser uma pessoa ótima. Se não é, trate de se tornar! (dãr)

Ah! É tão simples e quase ninguém enxerga. ;P