sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Só mais um dia

Eles vão se aproximando da porta e a agonia vai aumentando. Até que enfim, por um ímpeto de coragem, ela se vira para ele e diz:

- Eu preciso falar com você.
- Claro!

Antes de dar a oportunidade de se arrepender ela se convence de que, no máximo, inventará um assunto menos importante qualquer, mas que pelo menos falará com ele. Numa fração de segundo, suas mãos já estão tremendo de nervosismo: "por que fazer tanto caso, quem é ele para me deixar assim?", ela se pergunta.
Quando ela se vira de novo para olhar em seus olhos e começar o diálogo, percebe que ele ficou para trás, para esperar aquela outra pessoa. Ela se sente ignorada e pequena. Mesmo que seja exagero de sua parte e que apenas uns dois passos de distância os tenham afastado, ela vê um enorme abismo e percebe que talvez esse abismo sempre tenha existido, e que não seja bom insistir em ultrapassá-lo. Ela fala para ele:

- Sabe de uma coisa? Eu falo depois.
- Pode ser?
- Uhum, depois a gente se fala.
- Então tá, a gente se fala.

Então ela dá um sorriso bem simples, que parece o mesmo de sempre, mas que só ela sabe a frustração que leva. Não é um sorriso torto, nem de má vontade. É o mesmo sorriso que ela dá quando tudo está realmente bem... Como ele iria desconfiar? Mas nesse, ela está tentando se convencer de que isso não fará diferença e que tudo ficará bem, mesmo que as sensações ruins já tenham vindo antes. Ela não precisa identificar, ela só sente. E o coração aperta por mais uma vez que abafa a vontade de falar "- Você um dia de tanto me adiar ainda vai me perder, sem saber que talvez eu seja a pessoa que mais te esperou."

É tão pouca a culpa, que não pode ser dada ao garoto. Porque ele foi muito sutil ao desprezá-la. Provavelmente, nem ele percebe o que fez. Mas o que realmente importa para ela é que até hoje ela se prende a um relacionamento que não é recíproco. E o que dói nela é que, se depois de tantos anos ela não conseguiu se livrar dele, por que hoje ela conseguiria?

3 comentários:

Luiza disse...

:S Ain...
Eu acho que deveria falar pra ele, mesmo que a situação não fosse muito boa, se não a garota fica de coadjuvante na própria vida.

ps: gostei do "Lú, minha re-nova amiga" ^^
:*

Joun disse...

hoje, ela conseguiria se livrar dele, ou se tornar mais presa ainda, se falasse tudo o que tem para falar...
adiar, odeio adiar
odiar adiar (:
AHEIOUYHAEIOUYHAOIUYEHI, só peço consehlor pra amy quando ela se converter xp
e ela vai se converter, amém irmã?!
e sobre lutar, é que você falou no post de lutar contra o amor, acho q algo assim :~

beijo

Mônica disse...

A gente cresce e deixa pra tras todas aquelas coisas que nos apegavamos. Eh dolorido, mas conseguimos. Foi a chupeta, a Barbie, e vai ser o garoto.


Garanto!