terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Querido estranho


Dói pensar em "ex-amizades". Não sei qual a minha maior dificuldade, acho que a palavra não é muito digerível. Você pensa em ex-amores, ex-colegas... Tudo bem. Mas ex-amigos? Não te dá uma sensação de que isso não deveria ter acontecido?


Mas quando eu digo amigo, não é qualquer tipo deles. É pra valer, daqueles tantos que passaram na nossa vida e falamos "esse é pra sempre; vamos envelhecer juntos; não tem como nos separarmos, porque o carinho e a cumplicidade são tão grandes que não dá pra dar errado". Mas que nos casos dos "ex", deram errado. E surgiram novos amigos. E aqueles ex ficaram pra trás. Distantes, frios, como se você nem se sentisse mais confortável em cumprimentá-los se cruzasse na rua com um deles por acaso.

E quando digo ex-amigo, não é aquele amigo que a distância ou o tempo afastaram. Esses eu acredito que, se o amor é verdadeiro, a gente nunca perde. Minha primeira melhor amiga da infância (criança tem dessas coisas, né?) e eu estudamos até a 2a série juntas e depois nunca mais moramos perto. Tinha um bairro e outro pra nos afastar, depois os extremos de São Paulo, e depois o Centro-Oeste e o Sudeste. Quando nos encontramos hoje é aquela calamidade, porque seguimos caminhos e estilos tão opostos que a afinidade ficou mais no passado mesmo, logo a gente se discorda. Mas pergunta se a gente não se ama e se não é sempre aquela alegria quando a gente se reencontra e se fala. Mesmo que o assunto não dure mais de 1h. Amigo assim não dá desgosto não... Faz parte!

Ex-amigo é coisa mal-resolvida. Nem sempre porque a gente quis. As vezes a gente tentou, tentou, mas não deu. Foi-se o que era doce, como dizia meu vô. Ex-amigo é aquele que a gente não suporta estar perto: o estômago embrulha e vai surgindo uma ânsia, como se você tivesse uma coisa entalada na garganta e outra mais difícil de tirar ainda no peito.

Mas que eu levo um pouquinho de cada um deles comigo, isso não tem como negar. Sempre que o nome deles surgir, aquele aperto no peito vai aparecer, vou lembrar dos sorrisos e gargalhadas, dos desabafos de desamores que viravam as noites, das brigas, do que nos fez separar. Quem dera fosse mais fácil do que é. Quem dera pelo menos uma dessas pessoas que me faz sentir isso pudesse ao menos entender o que eu sinto, pra então finalmente ou completamente me perdoar, ou então me pedir perdão, mostrar arrependimento pelas mágoas que me fez e me faz sentir. Porque eu sou gente mole, fácil pra perdoar. Basta falar que sente muito e lá vamos nós de novo! Sabe gente que gosta de apanhar? É... Tô sempre dando segundas, terceiras, quartas chances pras pessoas. Meus amigos mais próximos até me criticam por isso. Mas eu ainda me prefiro assim. Quem sou eu pra dizer que amanhã não estarei precisando desse perdão?

Talvez o meu maior problema seja amar demais, amar tanto, tanto uma lembrança que acabe por não perceber que aquilo ficou no passado, que a vida seguiu e que hoje o que resta somos somente nós... Incompletos estranhos.